segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
O VINGADOR
TAMBU & KOREME
Também outra personagem dos comics, a conhecida Sheena A Rainha das Selvas acabou causando furor e gerando diversas imitações em todos os países onde existisse gibis (uma popularidade que perdeu e ainda não conseguiu recuperar). Gedeone Malagola, no digno laboratório de HQs que se tornou a Editora Júpiter, criou também uma "Sheena" brazuca: Koreme, aparecia em aventuras solo ou ao lado de Tambú. (JS)
domingo, 3 de julho de 2011
CAPITÃO ATLAS
A partir de 1959, as aventuras do Capitão Atlas em Quadrinhos ganharam nova série de gibis através da Editora Garimar (também do Rio de Janeiro). As mesmas histórias produzidas na Editora Ayroza ganharam novas versões, mais detalhadas, agora pelas mãos de artistas talentosos como Getúlio Delphin, Ernesto Garcia e Fernando de Lisboa. Esta nova série durou 12 números. E a popularidade do Capitão Atlas ainda persistiu por alguns anos, sendo que a mesma Editora Garimar tentou uma nova série de aventuras com o herói das selvas brasileiras, a partir de junho de 1966. Parece que nesta 3ª. fase foram reeditadas as histórias publicadas pela Garimar anteriormente. Tenho o primeiro número desta 3ª. fase do Capitão Atlas (a 2ª. pela Garimar), que me foi presenteado pelo saudoso amigo & parceiro Gedeone Malagola, onde consta a história “No Reino Do Dr. Ignátis”, publicada originalmente no número 2 da Editora Ayroza (com desenhos de Luiz), mas neste gibi cuja capa vos apresentei há pouco, a HQ interna é assinada por Getúlio Delphin, e que muito provavelmente já havia sido publicada na 1ª fase da Garimar.
terça-feira, 28 de junho de 2011
SANJURO O SAMURAI IMPIEDOSO
Voltando a Sanjuro, abrindo a revista temos um prefácio muito criativo, os autores auto-desenhados apresentam eles mesmos a história que viria a seguir, mostrando o conhecimento que têm dos fatos históricos e introduzindo os leitores para a aventura. E, de fato, não há do que reclamar, pois Sanjuro é mesmo uma HQ espetacular, roteiro dinâmico e desenhos belíssimos. Se fosse feita nos EUA ou no Japão tornar-se-ia série longeva e notável, mas aqui na tristeza dos trópicos não teve muita chance, e tudo leva a crer que Sanjuro ficou só neste número. De qualquer forma, para qualquer paciente e cuidadoso historiador dos Quadrinhos, Sanjuro merece ser lembrado como um dos ótimos personagens da HQ brasileira já criados. O homem do título é o chefe da guarda do embaixador do Japão nos EUA, cuja comitiva se encontra numa viagem ferroviária cruzando vales, planícies e montanhas para levar um valioso regalo ao presidente norte-americano: uma linda espada cravejada de diamantes. Claro, facínoras de todo tipo ficaram sabendo disso e o trajeto será cheio de perigos. A saga divide-se em três capítulos interligados mas ao mesmo tempo perfeitamente compreensíveis por si sós, como se fossem curtas HQs independentes. Sanjuro encontra bandidos e valentões armados de colts e winchesters que ele enfrenta com sua habilidade na espada e nos shurikens, as mortais estrelas pontiagudas de metal. E, claro, como todo bom herói que se preze, está sempre dando sua ajuda para a gente boa, especialmente aos apaches. Ação e violência não são as únicas preocupações dos autores, mas também mostrar o choque cultural entre pessoas de nações tão distintas - não raro Sanjuro reclama da falta de civilidade do povo americano a quem considera “ignorante e mal informado”. Fukue é lembrado pelos heróis que desenhou para a Edrel: Tarum, Super Heros e Pabeyma. Hamasaki, mesmo jovem na época já havia tido boa experiência como estagiário da Cooperativa Editora e Trabalho de Porto Alegre (CEPTA), no início da década de 1960. Pela M&C teve outra personagem com gibi próprio, a impagável Jana. Depois de muito participar na criação de HQs de terror, passou pela Grafipar (Curitiba) e pouco depois tornou-se editor independente, relançando alguns de seus personagens que haviam aparecido na editora paranaense, como Ágata e Torn. Acabou se tornando diretor da arte dos estúdios de Maurício de Souza. No ano de 2005 voltou a lançar um gibi de faroeste, agora pela Editora Noblet: Cavaleiros do Oeste, com ótimas HQs e excelente edição em formato americano, mas pelo visto ficou só no primeiro número, totalmente ignorado pelos leitores compatriotas – claro, se fosse lançado pela Marvel ou DC talvez fizesse sucesso por aqui. (JS)
quinta-feira, 28 de abril de 2011
SATANIK / U-235 O HOMEM CIBERNÉTICO
O Almanaque de Aventuras encerra com interessante HQ de outro super-herói brasileiro, U-235 O Homem-Cibernético, criação de Ignácio Justo. Antes de falar mais especificamente deste personagem, um parênteses: Satanik e Homem-Cibernético têm mais em comum do que a existência efêmera e participação na mesma revista: é que Rosso, Luchetti e Justo muito pouco trabalharam com o estilo dos super-heróis. Todos artistas muito ecléticos e versáteis, mas tanto Luchetti quanto Rosso são mais conhecidos pelo que fizeram nos Quadrinhos de terror; e Justo (tenente-aviador na vida real), destacou-se sobremaneira nas histórias de guerra. E a guerra é pano-de-fundo para U-235, já que é criação robótica de um ex-aviador nazista que ficou paralítico nos conflitos aéreos na Europa durante a 2ª. Guerra Mundial, e mais do que ter perdido o movimento das pernas, o cientista é tomado pelo remorso e desde então só pensa em fazer o bem para a humanidade. Refugia-se no Brasil onde adota uma criança e todas as experiências que faz visam melhorar a vida dos semelhantes. O filho cresce e torna-se ele também um oficial da Força Aérea, e é na imagem do próprio filho adotivo que o cientista paraplégico cria um super-robô poderoso, forte e cheio de engenhocas, capaz de soltar raios pelos dedos e portando um invocado cinto de utilidades (nada muito original, eu sei, já não era quando o Batman foi lançado). Segundo nos conta Antonio Luiz Ribeiro em artigo publicado no fanzine Heróis Brazucas n.21, U-235 foi considerado como apologético ao regime militar e boicotado por editores comunistas, e por isso ficou nesta única HQ. Uma pena, já que um grande artista como Ignácio Justo não teve chance de explorar os as potencialidades deste seu personagem, nem os perfis psicológicos dos coadjuvantes, nem o propício cenário para boas aventuras.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
OSCARITO & GRANDE OTELO
O estúdio da Atlântida Cinematográfica, idealizado por José Carlos Burle e Moacir Fenelon em 1941, representou uma bem sucedida tentativa de se criar uma indústria de cinema brasileira, que ganhou impulso especialmente após a entrada de Luís Severiano Ribeiro Jr. na sociedade. Comédias e musicais, e também a mistura destes gêneros foram o grande mote de popularidade da Atlântida, conquistando o público brasileiro. Dos filmes da Atlântida revelou-se uma dupla de comediantes que até hoje possui admiradores entusiasmados: Oscarito & Grande Otelo. Apareceram juntos pela primeira vez, mas sem ainda formar a dupla consagrada, no filme Tristezas Não Pagam Dívidas (de José Carlos Burle, 1944). Ainda na busca do estrelato, puderam ser vistos em Não Adianta Chorar (de Watson Macedo, 1945). Foi sob a batuta deste último diretor, na década seguinte, em filmes como Aviso Aos Navegantes (1950) e Aí Vem O Barão (1951), que a dupla virou fenêmeno popular, continuando a trajetória em outros filmes bem sucedidos como Carnaval Atlântida e Barnabé Tu És Meu, ambos dirigidos por Burle e lançados no ano de 1952. O diretor Carlos Manga esteve na frente dos filmes que são considerados por muitos críticos e admiradores, como os melhores estrelados por Oscarito & Grande Otelo: A Dupla Do Barulho (1953) e Matar Ou Correr (1954).
Como era praxe naquela época, de grande popularidade das Histórias-em-Quadrinhos, Oscarito & Grande Otelo acabaram indo parar nas páginas dos gibis, graças a Editora La Selva. E ficou a cargo de grandes artistas a transposição da formidável dupla das fitas para os Quadrinhos. Jayme Cortez produziu, como era marca do talentoso artista luso-brasileiro, capas belíssimas, de cores resplandecentes. O roteiro das histórias coube a Flávio de Souza e também Cláudio de Souza, ilustrados por outros grandes nomes do Quadrinho nacional – o mais renomado talvez tenha sido o alagoano Messias de Mello, ilustrador e cartunista até hoje reverenciado por seus contemporâneos (Mello já produzia para a La Selva, as HQs da famosa dupla de clowns, Arrelia e Pimentinha). Conforme me relatou Julio Shimamoto (ele que também trabalhou na produção de Arrelia e Pimentinha em Quadrinhos), o próprio Jayme Cortez reverenciava Messias de Mello como mestre de ousadas perspectivas, nos desenhos. Outro a ilustrar as aventuras de Oscarito & Grande Otelo nos gibis foi João Batista Queiroz, renomado cartunista e chargista da paulicéia, ele que foi o criador do rinoceronte Cacareco, que viria a se tornar símbolo do voto de protesto na política paulistana. Outros que ilustraram a dupla do barulho foram os cariocas Juarez Odilon (que os fãs dos heróis brasileiros dos Quadrinhos conhecem muito bem, tendo sido ilustrador de personagens como Capitão 7, Capitão Estrela, Jet Jackson e Drácula) e Aílton Thomas, o mesmo que depois se tornaria profícuo capista da Editora Brasil América de Adolfo Aizen, tendo ilustrado capas dos gibis do Batman, Popeye, Údi-údi (como era chamado o Pica-Pau, de Walter Lantz) entre outros. (por José Salles, com preciosa colaboração do mestre Julio Shimamoto).