segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

O VINGADOR

Houve um tempo em que os heróis mascarados do faroeste eram os mais populares nas bancas, não só nos EUA mas no Brasil também, onde personagens como Zorro/Lone Ranger, Cavaleiro Negro/Black Rider e Durango Kid eram os títulos mais vendidos, e suas aventuras, as mais apreciadas pelos leitores. Por todo o mundo surgiram personagens de Quadrinhos baseados nos grandes sucessos estadunidenses, e no Brasil não foi diferente, sendo que um deles merece nossa apreciação neste fanzine, pela inesperada repercussão que teve no passado: O Vingador. Lançado pela Editora Outubro em 1961, criação de Hélio Porto e ilustrado inicialmente por Walmir Amaral de Oliveira (capa do primeiro número desenhada por Jayme Cortez), O Vingador teve 40 números, além de almanaques e histórias publicadas em gibis de outros personagens. A Editora Outubro publicou-o até 1966, sendo que, a partir de 1972, foi relançado pela Editora Taíka (que na verdade, republicou as antigas aventuras do herói), durando mais 20 números e alguns almanaques.


Além de Hélio Porto, O Vingador teve histórias escritas por Helena Fonseca e Gedeone Malagola; alguns de seus ilustradores também foram responsáveis pelos roteiros, como por exemplo Walmir Amaral, Osvaldo Talo e Miguel Lima. Outros que desenharam o herói mascarado foram Ernesto Capobianco, Juarez Odilon, Edmundo Ridrigues, Nico Rosso, Lyrio Aragão, Fernando de Lisboa e José Delbó (o argentino que posteriormente trabalharia nos EUA desenhando famosos personagens dos Quadrinhos, tais como Turok e Lone Ranger para a Gold Key, bem como a Mulher Maravilha/Wonder Woman e o Superman para a DC Comics). Além de Jayme Cortez, Sérgio Lima e Rodolfo Zalla também produziram capas para O Vingador.

Como era baseado em personagens dos comics de faroeste norte-americano, a origem do Vingador não poderia fugir muito disso: Nelson Coston é um jovem que tem o pai covardemente assassinado e que, após conseguir sua vingança, torna-se cavaleiro errante das pradarias. Certo dia, salva um velhinho de uma baita enrascada - e o tal velhinho era ninguém menos do que o Vingador original que, sentindo o peso dos anos, repassa sua máscara para Nelson. Diferente do Lone Ranger que não tira a máscara nem para dormir, mas semelhante ao Cavaleiro Negro e ao Durango Kid, Nelson torna-se a identidade secreta do renovado Vingador. A respeito daquele “velhinho” que foi salvo por Nelson, lembremo-nos de que antes deste Vingador de Hélio Porto & Valmir Amaral, a HQB já registrara, duas décadas antes, outro caubói mascarado homônimo, com histórias escritas por Péricles do Amaral (o memorável autor do Capitão Atlas) e desenhado por Fernando Dias da Silva - e tudo indica que talvez esta tenha sido a referência para a origem do Vingador da Editora Continental. Posteriormente, nos primeiros anos da década de 80 do século passado, outro Vingador mascarado do velho oeste cavalgou nas páginas dos gibis, desta feita para a editora paranaense Grafipar/Bico de Pena, em histórias criadas por Franco de Rosa.

TAMBU & KOREME

Dentre os mais imitados personagens dos comics, certamente está o Tarzan de Edgar Rice Burroughs. Nos EUA houve um plágio de ótima qualidade, Kaänga (Kionga, no Brasil), que chegou a ser ilustrado por um dos desenhistas do Tarzan, John Celardo. No Brasil o mais famoso “clone” do Rei das Selvas é Targo, publicado com sucesso em nosso mercado editorial nos anos 60 e 70 do século passado, em várias revistas e almanaques, tendo sido desenhado por mestres como Nico Rosso e Rodolfo Zalla. Além de Targo podemos citar Tarun (Paulo I. Fukue) e Hur (Wilson Fernandes). Mas, antecedendo a todos esses, tivemos Tambu, O Herói das Selvas, produzido por Gedeone Malagola por volta de 1952 para a Editora Júpiter. Quem nos fala sobre isso é o próprio Gedeone: “quando a Júpiter comprou [os direitos] de algumas revistas americanas, veio o Kaänga , do qual tínhamos autorização para publicar com outro nome. Então surgiu Tambu. Entre algumas práticas lamentáveis resultantes da pouca experiência editorial da época, houve as deformações das páginas originais, por motivos de economia, além da grafia incorreta do nome do personagem, pois Tambu não tem acento!”






Também outra personagem dos comics, a conhecida Sheena A Rainha das Selvas acabou causando furor e gerando diversas imitações em todos os países onde existisse gibis (uma popularidade que perdeu e ainda não conseguiu recuperar). Gedeone Malagola, no digno laboratório de HQs que se tornou a Editora Júpiter, criou também uma "Sheena" brazuca: Koreme, aparecia em aventuras solo ou ao lado de Tambú. (JS)